Entre 30 de Maio e 2 de Junho, o músico Radjha Ali irá actuar
durante meia hora, no IOMMa (Indian Ocean Music Market – Mercado de Música do
Oceano Índico), na Ilha Reunião. O evento reúne vários autores africanos.
Num intervalo de
três meses, esta será a segunda vez que Radjha Ali irá apresentar-se num palco
fora de Moçambique. Depois de actuar nos Emirados Árabes Unidos, em Fevereiro,
agora chegou a vez da Ilha Reunião. Entre 30 deste mês e 2 de Junho, Ali terá a
oportunidade de fazer o que bem pretende: representar a arte e a diversidade
cultural do seu país. Por isso mesmo, mais do que ir ao IOMMa para cantar e
dançar, o músico vê aí um enorme privilégio e uma enorme responsabilidade,
afinal compreende que, neste excelente início de 2022, são boas as portas que
se estão a abrir.
Nesta edição do
IOMMa, Radjha Ali irá actuar durante meia hora. Informado sobre o rigor da
organização do festival na gestão do tempo, o músico e a sua banda já
seleccionaram os temas que irão interpretar. Mas não foi nada fácil escolher
umas faixas em detrimento de outras. Assim, depois de ensaios literalmente
cronometrados, as músicas seleccionadas são as seguintes: “Grito de socorro”,
dedicada às vítimas do terrorismo em Cabo Delgado; “Ekoma tsowani”, uma espécie
de louvor aos ritmos nacionais; “Mwanamwani”, uma música sobre casamentos
prematuros; “Nthupi”, uma música folclórica que cresceu ouvindo em Nampula;
“Mamã” e “Malaxi”.
A fim de
interpretar as seis músicas da sua autoria, Radjha Ali far-se-á acompanhar pela
sua banda: Amade e Nando Morte (percussionistas), Sílvio (guitarrista) e Sidney
(baixo). Na mesma delegação, que parte dia 29 para Ilha Reunião, também estará
o manager do
músico: Paulo Borges. “Espero que, daquilo que preparamos, a nossa presença no
IOMMa será um estrondo. Penso que será marcante e tenho a certeza de que as
pessoas irão gostar. Acredito que as portas irão abrir-se para outros
festivais, porque queremos mostrar a nossa riqueza cultural no estrangeiro”,
afirmou Radjha Ali, esta terça-feira, frisando que irá levar a Ilha Reunião
várias sonoridades moçambicanas. “Como militar, bebi sonoridades de todo o
país, pois convivi com pessoas de todas as regiões de Moçambique. E isso está
presente na minha música”.
A propósito do
exército, se antes Radjha Ali cantava ocasionalmente na igreja, sem grandes
pretensões, a partir de 2006, na tropa, percebe que a música era o seu destino.
“Foi lá que eu tive o primeiro grande contacto com canto e com a dança”.
No exército,
Radjha Ali especializou-se na Força Aérea. Mais tarde, foi transferido para
Escola de Música das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). Lá,
inclusive, teve um convite para integrar a banda de um colega militar, mas,
nessa altura, sem muito tempo, não foi possível. Seja como for, Ali tomou o
gosto de profissionalizar a sua arte e, por via disso, matriculou-se na Escola
de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane. Tirou o curso de
Música e, agora, está mais do que preparado para exportar uma excelente
imagem da arte moçambicana na edição 2022 do IOMMa.
Radjha Ali nasceu
na década de 80, numa família de classe média, no Distrito de Muecate, em
Nampula. Além de cantar, formou-se em música e teologia e é chefe de cozinha.
Em 2020, venceu um really show numa
televisão nacional. Desde então, nunca sequer pensou em interromper o seu
percurso musical. Em Fevereiro deste ano, representou Moçambique, a convite do
Ministério da Cultura e Turismo, na Expo Dubai.